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ATITUDES FALAM MAIS DO QUE PALAVRAS
ATITUDES FALAM MAIS DO QUE PALAVRAS

 

Santa Barbara D´Oeste – SP

17/09/2014

"Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade. E nisto conhecemos que somos da verdade, e diante dele asseguraremos nossos corações;”     I João 3:18-19

Bom, antes de iniciar esta publicação, tenho dois adendos a registrar:

1º O texto é longo, porém importante ler inteiro para compreender as colocações.

2º A intenção deste post, não é justificar ou isentar de culpa a referida Patrícia Moreira.

Utilisarei textos bíblicos por coerência e por se tratar de regra de fé da qual professo, já que sou o autor responsavel por este texto. E estes dois pequenos versículos, escritos por João apostolo e amigo mais próximo de Jesus, nos deixa uma pergunta que não quer se calar. O que fala mais alto, as palavras que sai de nossa boca ou as atitudes que tomamos?

A bíblia nos adverte quanto ao cuidado que temos que nos atentar quanto às palavras que saem de nossa boca,

ler (Tg 3: 1-14).

Mas nem sempre as palavras procedem do nosso coração, alguns leigos usam os textos de Mateus 12:34 ou Lucas 6:45, para afirmar que tudo o que bendizemos ou maldizemos é exatamente o que esta no nosso coração, quando na verdade os textos em questão fala de abundancia, ou seja, algumas coisas que falamos é porque nosso coração esta cheio disso ou daquilo, como por exemplo: se estou amargurado liberarei palavras amargas, se estou revoltado as palavras serão de revolta, se estou triste a fala será de tristeza, se estou feliz as palavras serão de alegria, já notou quando uma pessoa esta apaixonada, além de pensar na pessoa amada, também só fala dela o dia inteiro, por que o coração esta cheio disso, mas isso não é uma regra para tudo que sai de nossa boca, vou citar um exemplo pessoal: sou casado, e quantas vezes em momentos de estresse eu ofendi minha esposa com palavras, e vice versa, mas foram palavras ditas sem pensar, num momento do calor de uma discussão, isso não significa que não existia amor no nosso coração, tivemos crises no nosso casamento, mas amor fez prevalecer a união e estamos casados já a 16 anos, e o amor era o que sempre esteve em nossos corações, e nem por isso deixamos em alguns momentos de liberar palavras mal colocadas nos ofendendo mutuamente. E isso acontece com qualquer casal que se ama é natural devido à convivência.

A “torcedora gremista” Patrícia, ofendeu o “goleiro Aranha” o chamando de macaco, e isto é fato não se discute, ela errou e não existe argumento, eu penso que ela deve sim responder judicialmente, e até receber punição por isso, embora na minha humilde opinião ela já esta sendo punida excessivamente pelo ocorrido, vejamos: Foi demitida do seu emprego, foi impedida de se hospedar em sua própria casa, hoje mora sem residência fixa, foi excluída do seu convívio principalmente de seus amigos, e isso é prejudicial de mais para uma menina tão nova, e pra finalizar esta com sua imagem exposta e escandalizada a nível nacional e sua reputação ficou corrompida diante a sociedade.

Mas nós temos que aprender a ser justos ao analisar esta situação, pois temos que fazer uma pergunta, será que ela realmente o chamou de macaco por ser racista? Ou liberou esta ofensa no calor da emoção, motivada pelos demais torcedores gremistas? Ela pode ter ofendido o goleiro por ser racista sim, mas o que mais acredito é que ela o fez motivada pelo calor da partida. Antes de praticar o erro de condená-la por racismo, temos que nos atentar às atitudes da Patrícia no seu convívio social, como será que é o relacionamento dela com os amigos negros, e que ela tem amigos negros é fato, pois alguns deles prestaram depoimentos a jornalistas dizendo que ficaram “surpresos” com o que viram na TV, hora sejamos inteligentes e maduros, se eles ficaram surpresos é porque as atitudes dela não correspondem com a imagem de racista que foi formada por um fato isolado.

A imagem que anexei nesta matéria mostra as duas situações adversas, na foto a esquerda mostra ela ofendendo o goleiro com palavras, na foto a direita a Patrícia esta cuidando da saúde bocal de uma criança negra com a pele muito mais escura do que a do goleiro aranha, e detalhe, ela esta mexendo na boca da criança sem proteção facial (mascara), utilizada pelos dentistas independente de idade cor ou condição física do paciente, isto representa que ela não estava fazendo o seu trabalho com nojo, embora este aparato sirva para segurança do dentista, mas se fosse racista, não tenho duvidas de que ela teria uma expressão bem diferente do que a foto nos mostra. Lembrando que esta é minha opinião.

O que quero dizer com tudo isso é que as atitudes falam muito mais do que as palavras, e é isso que deve ser analisado em situações como esta, para que não venhamos cometer injustiça.

Eu acredito que atitudes sim revelam quem a pessoa é, tenho uma experiência de vida muito grande com racismo, vou comentar um pouco para tentar te mostrar a diferença de falar e agir, por isso senta que lá vem história... rs

Eu nasci em São Caetano do Sul ABC Paulista, morei lá por pouco tempo, fui criado mesmo na periferia de Diadema –SP, morava no morro do Jardim Portinari praticamente dentro de uma comunidade pobre, onde a sua grande maioria de residentes eram negros, 30% dos meus colegas de escola e amigos da minha rua, que jogavam bola no terrão, e faziam arte o dia inteiro comigo, eram negros, meus amigos mais fies eram negros, e se as palavras falassem mais do que as atitudes eu seria um racista em potencial, pois cresci vendo meu pai liberar as seguintes frases: Olha lá, mas tinha que ser preto mesmo!, Heee, mas preto quando não c..... na entrada, c.... na saída! Elemento matou, roubouestuprou e saia no noticiário ele não poupava se fosse um negro e já falava, Também olha a cor dele!

Eu cresci vendo meu pai falar estas palavras, que a vista grossa era puro racismo, mas fui crescendo e entendo o que estava por de trás destas palavras, minha mãe odiava quando ele soltava o verbo racista como às frases acima, e percebi que ele só falava quando ela estava perto, e eu e minha irmã achávamos graça nisso, minha mãe brigava com ele, e ele dava risada e íamos no embalo, mas o que me trouxe convicção de que meu pai não era racista foram sua atitudes na sociedade, tenho muitos exemplos, mas vou citar apenas dois para ser mais breve:

O seu melhor amigo era o Lourenço um negrão de 1,90mt mais ou menos, eles trabalharam juntos por 20 anos na Volkswagen do Brasil, moraram na mesma rua por 15 anos, nunca tiveram uma discussão, qualquer um enxergava o respeito mutuo e amizade sincera que existia entre os dois, eu nunca vi meu pai falando mau do Lourenço e estas atitudes me mostravam o oposto das palavras “racistas”que saiam de sua boca.

Também na mesma rua que morávamos tinha o Clóvão, homem negro, nosso vizinho, por menos tempo que o Lourenço, porque morreu antes de nossa mudança para região de Campinas. Ele era alcoólatra, vivia mais na rua do que em casa, era desprezado pela vizinhança, pior que isso, devido o alcoolismo não conseguia conviver com sua família, toda vez que passava em frente de casa, se meu pai estivesse lá, ele parava para conversar, e fazia isso porque sabia que meu pai daria atenção a ele, estando bêbado ou não, lembro que estávamos reformando nossa casa, e tinha alguns serviços de servente, e quando meu pai precisava de alguém para executar o serviço, era ele o convidado para trabalhar em nossa casa, eu percebia que aquilo fazia bem para ele, pois ele almoçava na minha casa, respeitava minha mãe e minha irmã, a ponto de não beber enquanto trabalhava dentro de nossa casa, e nós o tratávamos muito bem, e este tratamento fazia bem para ele, pois na maioria das vezes ele era maltratado, por ser negro e alcoólatra. E estas atitudes de meu pai me ensinaram a não fazer distinção de cor ou condição social.

Tenho também um grande exemplo adverso de atitude, um dos meus melhores amigos, era negro com descendência africana, éramos vizinhos e amigos confidentes, andávamos juntos para baladas, shopping, cinema etc... Frequentávamos a casa um do outro, por isso eu conhecia muito bem ele, bom, pelo menos achava que conhecia, até que um dia eu descobri que ele era racista, e não foi através de palavras, pois nunca ouvi uma palavra de racismo por parte dele, e acharia absurdo até mesmo por ele ser negro, mas uma atitude dele em um churrasco que fizemos em sua casa, me trouxe a revelação de sua face racista, a ausência de sua mãe na festa me trouxe estranheza, eu gostava muito dela, por que sempre fui muito bem tratado por ela quando entrava em sua casa, eu perguntei dela para ele e a resposta foi que sua mãe estava ocupada e não podia ficar ali conosco, eu achei aquilo estranho, tanto que não me conformei e entrei na casa dele sem que ele percebesse, eu fui chamar ela pra ficar pelo menos um pouco com agente, ela relutou e não quis ir, eu insisti tanto que ela acabou desabafando, e me falou bem assim “Eu não posso, porque ele me proibiu de ir lá.”. Perguntei por que, e ela abaixou cabeça e com lagrimas nos olhos disse que ele tinha vergonha dela por ela ser negra. Aquilo me entristeceu de tal maneira, que não consegui ficar muito tempo ali, e fui embora sem dar satisfação a ele. No mesmo dia à noite, ele me procurou para saber o que aconteceu, por que havia ido embora tão cedo da festa, não me aguentei e despejei meu repúdio pela atitude racista com sua mãe... Ficamos alguns dias sem nos falar, depois voltamos à amizade e eu comecei a ajudá-lo a vencer este preconceito com a própria cor, alguns anos depois deste ocorrido me mudei, ficamos muitos anos sem se ver, nos encontramos novamente em 2012, ele esta casado, sua esposa é branca, mas seu filhos são negros e cópias dele, seu irmão e seu pai faleceram  e sua mãe hoje mora com ele, na minha visita a sua casa percebi que ele cuida dela com carinho, e me fez muito bem contemplar que valeu apena ajudá-lo, ao invés de condená-lo.

Em todo tempo da história que contei até aqui, eu não era cristão, me converti a Cristo em 2000, meu pai na fé é o Pr. Carlos, ele é negro, este homem me ajudou em todos os sentidos e foi usado por Deus para me transformar no que represento para sociedade hoje como cristão, não estamos mais na mesma igreja, pois fui chamado para outro mistério, mas ele continua sendo uma referência como homem, e como líder espiritual para mim.

Meu atual pastor é negro Pr. Nelson, amo ele como fosse um segundo pai pra mim, tenho identificação com ele e sua família, tenho orgulho de ser pastoreado por ele.

Meus amigos de hoje, os mais próximos são negros, e tudo isso se dá por eu não ser racista, e só não sou racista porque as atitudes me ensinaram muito mais do que as palavras, por que nem sempre as palavras dizem o que realmente o coração esta cheio.

É por isso que resolvi escrever esta publicação não para sair em defesa da Patrícia Moreira, mas para alertar aos leitores de que a sociedade e a mídia podem estar cometendo uma grave injustiça com ela, pois esta sendo apedrejada, oprimida e condenada pelas palavras ditas naquele dia, e nenhum de nós sabe se aquela ofensa ao goleiro, que carrega um apelido de inseto “Aranha” (Engraçado, como o ser humano é esquisito, ele é chamado todos os dias de aranha e não se sente ofendido, mas deixa pra lá) é exatamente o que esta no seu coração.

Para encerrar quero deixar uma pergunta para o leitor: Se hoje Jesus estivesse entre a Patrícia e as pessoas que estão a condenando, qual seria a atitude Dele, Ele se uniria ao grupo de juízes hipócritas ou acolheria a menina Patrícia de compaixão?

Pra te auxiliar na resposta pessoal, deixo estes textos bíblicos para que você leitor medite:

João 8:1-11 - Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras.
E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-e os ensinava.
E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério;
E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.

Mateus 7:2 – “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.”

Perdoem-me pela expressão simplista e talvez por alguns erros de português, e lembrando que esta publicação não é uma defesa ao caso de Patrícia Moreira, mas sim uma reflexão pessoal de uma possível injustiça que esta sendo praticada com esta garota.

“Que a Paz de Cristo esteja convosco”

 

Por Pr. Luiz Hilário